Trinta e cinco anos depois, Vila Pavão colhe os frutos dessa luta: uma identidade cultural pulsante, uma agricultura familiar resiliente e uma comunidade que aprendeu a transformar desafios em conquistas.
Registro histórico do momento em que Erno Júlio Dieter assume o cargo de 1º prefeito de Vila Pavão, em frente à casa que, por um período, funcionaria como sede da Prefeitura Municipal — hoje, sede da Secretaria Municipal de Cultura, com sua fachada típica pomerana. Da esquerda para a direita: Frederico Wutke (meio corpo, na rua), Davi Pagung (vereador), Edson Nepel (vereador), Isaías Tressmann (vereador, atrás de Edson), Arcelino Boerker (vereador, também atrás de Edson), Lorentino Foerste (vereador, de terno preto), Sigifredo Kalke (pastor, atrás da criança), Antônio Teixeira Maria (vereador), Martin Weber (líder comunitário, com microfone na mão), Eraldino Jann (vice-prefeito, atrás de Martin), Sebastião Saturnino (vereador), Erno Júlio Dieter (1º prefeito) e Karin Hilde Dieter (1ª dama).
No próximo dia 1º de julho, Vila Pavão comemora 35 anos de emancipação política, reafirmando seu compromisso com a preservação das raízes, da agricultura familiar e da diversidade cultural. Com a maior parte da população vivendo na zona rural, o município se destaca pela valorização das pequenas propriedades, que garantem o sustento das famílias e mantêm vivas as tradições locais.
A história de Vila Pavão é profundamente marcada pela influência pomerana, mas também por uma rica mistura de outros grupos étnicos, o que levou o município a se autodenominar a “Capital da Cultura Popular”. Um dos símbolos mais expressivos dessa diversidade é o movimento Pomitafro, que teve início como uma simples festa escolar e se transformou em um dos maiores eventos culturais do Espírito Santo.
A trajetória rumo à autonomia, no entanto, não foi fácil. O primeiro passo foi dado em 1987, quando um grupo liderado pelo professor Hélio Timm reuniu 107 assinaturas em um abaixo-assinado, mas o projeto não avançou. No ano seguinte, o então distrito de Córrego Grande (nome original de Vila Pavão) elegeu um número recorde de cinco vereadores, sinalizando o fortalecimento político da região.
Em 1989, a luta pela emancipação ganhou novo fôlego com a liderança do vereador Antônio Teixeira Maria (PT), que encabeçou um movimento intenso e estratégico. O processo incluiu debates públicos, estudos técnicos e a elaboração de um projeto de lei que demonstrasse a viabilidade política e administrativa do futuro município.
A criação do grupo EmanciPavão foi um divisor de águas. Reunindo-se religiosamente às segundas-feiras, o grupo tornou-se o motor do movimento, organizando mutirões para consertar estradas, promovendo palestras com candidatos a deputado e exigindo o compromisso deles com a causa da emancipação. Lideranças como Jorge Kuster Jacob, Norma Fleischman e Isaura Ramlow estavam à frente das ações, enquanto experiências bem-sucedidas de recém-emancipados, como Santa Maria de Jetibá e Águia Branca, serviam de inspiração.
A caminhada foi árdua. A elite econômica local se opunha à separação, chegando ao ponto de ameaças de morte contra membros do movimento. Em determinado momento, o vereador Teixeira precisou fazer guarda armada na casa de um dos integrantes. Ainda assim, a força popular prevaleceu. No plebiscito histórico de 1º de julho de 1990, apenas 107 votos foram contrários à emancipação — uma vitória esmagadora que selou o desejo coletivo por liberdade política e administrativa.
A emancipação foi oficializada por lei estadual em 11 de janeiro de 1991, mas o povo escolheu celebrar sua autonomia na data do plebiscito — uma homenagem à coragem, união e perseverança de toda uma comunidade.
A comemoração da eleição do primeiro prefeito. Da esquerda para direita: Erick Retz, Erno Juli Dieter (primeiro prefeito), Gerson Pereira da Silva (cidadão pavoense) e Jair Monte (primeiro secretário de agricultura)
A primeira eleição foi realizada no dia 03 de outubro de 1992. Em 1º de janeiro de 1993, prefeito, vice-prefeito e vereadores foram empossados na varanda da Secretaria de Cultura (hoje) e Prefeitura Municipal (na época), imóvel adquirido do Sr. Emilio Berger (in memoriam), com recursos angariados de uma festa. Importante destacar que os recursos arrecadados não cobriram o valor do imóvel, mas, mesmo assim Sr. Emilio Berger, o repassou para o novo município.
Trinta e cinco anos depois, Vila Pavão colhe os frutos dessa luta: uma identidade cultural pulsante, uma agricultura familiar resiliente e uma comunidade que aprendeu a transformar desafios em conquistas.
Além da mobilização política, a valorização da identidade cultural foi essencial nesse processo. O fortalecimento do Grupo de Danças Folclóricas Pomeranas e da Pomitafro impulsionou a participação popular, fortalecendo os laços comunitários. Para o sociólogo Jorge Kuster Jacob, um dos principais articuladores da emancipação, o processo foi mais do que político — foi também cultural e social.
Discurso de Jorge Kuster Jacob, na frente da casa que seria a primeira sede da Prefeitura em 1 de janeiro de 1993
Hoje, mesmo sendo um dos menores municípios do Espírito Santo em extensão territorial e economia, Vila Pavão é referência na preservação da cultura tradicional e no fortalecimento da agricultura familiar.
“Se os investimentos na estrutura da cidade, na cultura local, na agricultura familiar e na diversidade cultural continuarem no mesmo ritmo, em breve seremos uma cidade modelo para o Brasil”, destaca Jorge Kuster Jacob.
Com uma história construída sobre resistência, união e orgulho de suas raízes, Vila Pavão continua a escrever seu legado. Pequena em tamanho, mas gigante em identidade e espírito comunitário, a cidade se consolida como exemplo de desenvolvimento sustentável e valorização cultural no Espírito Santo.
Como bem definiu Jorge Kuster Jacob:
"A emancipação não foi um ponto final, mas um processo contínuo. Ela nos ensina que, quando o povo se une, até o impossível vira realidade."
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